sexta-feira, 10 de junho de 2011

AUTISTANDO - FACEBOOK

Por Bruno Moury Fernandes

Provavelmente, se você receber um abraço do seu filho, interpretará aquilo como um simples gesto de carinho. Nada demais. Se ele simplesmente o olha atentamente, você terá esse ato como algo normal. O mesmo acont...ecerá se você o chamar e ele imediatamente responder. São atos banais do dia a dia de qualquer pessoa, certo? Errado. Essas atitudes podem ser de difícil execução para alguns especiais: os autistas. No caso deles, esse comportamento aparentemente corriqueiro pode significar superação e conquista.

Estes são alguns sinais e sintomas das pessoas inseridas no espectro autista: dificuldade de se relacionar de forma recíproca com outras pessoas, dificuldade no uso da imaginação, aversão ao contato físico, dificuldade em manter o contato visual, não compartilhamento do foco de atenção, dificuldade de iniciar, manter e terminar adequadamente uma conversa. Seria impossível listar todos os sinais aqui, pois o autismo se apresenta de diversas formas e em diferentes graus de dificuldade e comprometimento. 

O autismo é uma disfunção global do desenvolvimento. É uma alteração que afeta a capacidade de comunicação do indivíduo, de socialização (estabelecer relacionamentos) e de comportamento (responder apropriadamente ao ambiente). Estima-se que cerca de 70 milhões de pessoas no mundo sejam autistas. No Brasil, esse número pode chegar a 2,5 milhões de indivíduos. São dados da Organização das Nações Unidas (ONU). Trata-se de um problema de saúde pública que deve, portanto, ser devidamente enfrentado pelas autoridades competentes.

A completa ignorância da sociedade sobre o assunto talvez seja o maior obstáculo enfrentado pelos autistas e por seus familiares. A medicina, por sua vez, ainda “escorrega” nessa área. Não se sabe ao certo como surge. Ainda não se sabe qual a cura, mesmo que existam registros de pessoas que tenham saído do espectro.

O autista, do ponto de vista legal, é considerado um deficiente físico e, como tal, está amparado por legislação. A Lei Federal 7.853/89 determina que cabe ao poder público e a seus órgãos assegurar às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, à previdência social e ao amparo à infância.

Hoje (2/4), neste Dia Mundial de Conscientização do Autismo, vários monumentos pelo mundo (inclusive o Cristo Redentor) estarão iluminados com a cor do movimento: azul. Desejável que essa data, decretada pela ONU, servisse de reflexão para toda a sociedade brasileira, profissionais, famílias, planos de saúde, escolas e poder público.

Juntos, podemos difundir o conhecimento acerca do autismo, assim como foi feito com a síndrome de Down nos últimos 20 anos. Com conhecimento pela sociedade e com a intervenção adequada, o autista pode ter vida social, constituir família, trabalhar, estudar, praticar esportes, ir e vir.

O autista não precisa da sua piedade. Precisa apenas da sua compreensão e aceitação. O poder do olhar e do abraço de uma criança autista é algo divino. Neles, detectamos mistério, esperança, amor, ingenuidade, insegurança, pureza e superação. Tudo ao mesmo tempo. O autista é inteligente e feliz, conquanto muitas vezes pareça estar sozinho, isolado em seu “próprio mundo”. Ser autista é tão somente enxergar a vida por outro ângulo, com outros olhos. Olhos de Yeshua.

* Bruno Moury Fernandes é advogado e membro do Grupo de Estudos do Transtorno Invasivo do Desenvolvimento (Getid).Ver mais

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